Classificado como monumento nacional, este imóvel medieval é considerado um dos melhores exemplares arquitetónicos existentes no país, de transição do estilo românico para o gótico. Com origem anterior ao séc. X, foi posteriormente (séc. XII) a primeira casa mãe dos Cavaleiros Hospitalários da Ordem de Malta em Portugal. Da construção românica resta apenas, nas traseiras da igreja, uma ala incompleta do claustro, um portal e uma janela com decoração vegetalista. Foi reedificado no séc. XIV, segundo o modelo das igrejas fortaleza. A fachada principal de estilo gótico, com ampla rosácea radiada e rematada por uma cruz da Ordem de Malta, possui torre de menagem de traça românica, coroada de ameias. No interior, dividido em três naves, podemos admirar a capela-mor com abóbada de nervuras, a capela de Nossa Senhora do Rosário ou do Ferro e os túmulos de vários cavaleiros e frades, destacando-se a arca tumular de Frei João Coelho, Grão-Mestre da Ordem, com estátua jacente da autoria de Diogo Pires, o Moço, bem como a pia batismal, cuja base é decorada por animais exóticos. No exterior, o Cruzeiro é também da autoria do mesmo mestre coimbrão. Foi neste Mosteiro que o rei D. Fernando casou com D. Leonor de Teles.Origens históricas
O que nos diz a História da Arte
- “... Podemos classificar o Senhor Bom Jesus de Bouças, como escultura de madeira dos fins do séc. XII princípios do séc. XIII, sem dúvida, uma das mais impressionantes, mais belas e possivelmente a mais antiga, existente em Portugal.”
- “Algumas características desta imagem (...) recomendam a sua inclusão nos fins do século XIII ou nos inícios do século XIV (...)
- “(...) com uma classificação em torno da viragem de Século ou dentro dos primeiros anos de Trezentos, ele permanece como uma das mais antigas realizações portuguesas no género.”
- Pés separados
- Corpo esquemático, de fraco realismo anatómico
- Imagem pudica: o perizonium, de grandes superfícies lisas, desce ao tornozelo e joelho
- Mãos abertas e serenas (não se crispam)
- Posição relativamente hirta ao longo da cruz (Cristo-Majestade)
- Arcaísmo da cabeça (olhos trocados).
O dramatismo que falta no corpo está expresso no rosto (cabeça inclinada, olhos semicerrados...)
Mosteiro de Bouças
A lenda parece indiciar uma resposta...
Rainha Santa Mafalda
- 1185 (?)- Nasce. Filha do rei Sancho I
- 1196– D. Sancho I doa o Mosteiro de Bouças a D. Mafalda
- 1215– Casamento com D. Henrique I de Castela, que morre em 1217
- 1217– Regresso ao reino. Manda edificar residência junto mosteiro de Bouças
- 1249– D. Mafalda obtém autorização do Papa para converter Convento de Bouças à Ordem de Cister
- 1256 – D. Mafalda morre em Arouca
“(...) devota ciosa e uma boa utilizadora de relíquias de santos e outros objectos com virtudes curativas.
(...)
(...) o conjunto de relíquias manejado por Mafalda permite-nos supor uma verdadeira devoção interior, centrada, segundo tudo indica, na Paixão de Cristo.”
Maria de Lurdes Rosa, 2000 - 1300-1308-Bispo do Porto
- 1304– D. Dinis doa-lhe as casas de Bouças q forõ da Rayã dona maffalda
- 1306– D. Dinis doa-lhe o padroado de Bouças
- 1308– D. Dinis escolhe-o para acompanhar a sua filha D. Constança que casa em Castela
- 1308-1313- Bispo de Palência
- 1314-1321- Bispo de Évora
- 1319-1324– Guerra Civil. Toma o partido de D. Dinis
- 5 Março 1321
“Era M. CCC. LIX. Em V Do Mês de Março Dom Giraldo, Em Outro Tempo Bispo De Evora, Homens Filhos d’Algo O Matarão Sem Merecimento Em Este Lugar, À Alma Do Qual Deos Perdoe. Amen”
Sepultado na capela-mor da Sé de Évora, será trasladado para Bouças entre 1328 e 1342, por iniciativa do Bispo do Porto Vasco Martins, seu sobrinho.
“(...) devota ciosa e uma boa utilizadora de relíquias de santos e outros objectos com virtudes curativas.
(...)
(...) o conjunto de relíquias manejado por Mafalda permite-nos supor uma verdadeira devoção interior, centrada, segundo tudo indica, na Paixão de Cristo.”
Maria de Lurdes Rosa, 2000
