Mosteiro de Tibães (Braga)

Situado entre Braga e Barcelos, mais precisamente, 6km a noroeste de Braga, em Portugal, fica o Mosteiro de Tibães (Mosteiro de S. Martinho de Tibães), que outrora serviu como primeira Casa-Mãe da Congregação Beneditina em Portugal.

Este é um edifício de rara beleza, com uma grande extensão de jardins, que outrora esteve em processo de degradação contínua, mas que recentemente foi restaurado e serve agora como local de alojamento e restaurante, além de possuir salas de exposição, reuniões e congressos.

O Mosteiro de Tibães é atualmente Património Nacional, afeto ao Ministério da Cultura, tendo sido classificado, em 1944, como Imóvel de Interesse Público.

Além disso, este espaço encontra-se também protegido, segundo lei divulgada em Diário da República, por uma Zona Especial de Proteção.

História do Mosteiro de Tibães

Tendo sido fundado entre finais do século X e inícios do século XI, o Mosteiro foi reconstruído no último terço do século XI.

Através do apoio real e por lhe terem sido concedidas Cartas de Couto, o Mosteiro de s. Martinho de Tibães transformou-se num dos mais ricos e poderosos mosteiros do norte de Portugal.

Situado entre Braga e Barcelos, mais precisamente, 6km a noroeste de Braga, em Portugal, fica o Mosteiro de Tibães (Autor: Joseolgon)
Situado entre Braga e Barcelos, mais precisamente, 6km a noroeste de Braga, em Portugal, fica o Mosteiro de Tibães (Autor: Joseolgon)
Já entre os séculos XIV e XVI, com o Movimento da Reforma e com o fim da crise religiosa dos séculos XIV a XVI, este veio a assistir à fundação da Congregação de S. Bento de Portugal e do Brasil, passando a tornar-se na Casa Mãe de todos os mosteiros beneditinos, bem como em centro difusor de culturas e estéticas.

Além disso, o Mosteiro de S. Martinho de Tibães ganhou também importância com a sua transformação em estaleiro-escola, onde se formou um grande conjunto de arquitetos, entalhadores, douradores, mestres pedreiros e carpinteiros, imaginários, escultores, enxambradores, e outros cuja atividade produtiva se fez notar um pouco por todo o Noroeste da Península Ibérica, ficando assim ligada ao que de melhor se fez na arte portuguesa dos séculos XVII e XVIII.

É, aliás, no desempenho deste papel que o Mosteiro de Tibães acaba por se tornar numa das mais belas peças arquitectónicas do país e também no mais importante conjunto monástico da ordem de S. Bento do Noroeste da Península Ibérica, passando, entre os séculos XVII e XVIII, por diversas campanhas de reconstrução e ampliação, bem como de decoração e redecoração, que lhe deixaram uma grande riqueza de marcas estilísticas, que vão desde o maneirismo tardio ao rocaille.

Já no século XIX, devido à extinção das ordens religiosas em Portugal (1833-1834), o Mosteiro de S. martinho de Tibães acabou por ser encerrado, começando os seus bens, móveis e imóveis, a ser vendidos em hasta pública. Este processo de despojo termina apenas no ano de 1864, quando o próprio edifício acaba por ser vendido.

Nessa altura, o Mosteiro deixa de exercer as funções para as quais havia sido construído, mantendo-se apenas em funcionamento, servindo a paróquia de Tibães, a Igreja que fica mesmo à entrada do conjunto arquitetónico. Mais tarde, principalmente a partir de 1970, o Mosteiro começou a assistir à delapidação dos seus bens e ao seu abandono.

Em 1986, o Estado Português passou a adquirir o Mosteiro de Tibães e iniciou, desde então, um projeto de recuperação que veio a dar os seus frutos, permitindo assim que o público passasse a poder usufruir novamente da riqueza e beleza do Mosteiro de Tibães, por dotá-lo de um maior dinamismo cultural.

[ Editar ]Como Chegar ao Mosteiro de Tibães

Para receber informações sobre como chegar ao Mosteiro de S. martinho de Tibães, basta que você envie um email (sem assunto, nem texto) para visitartibaes@culturanorte.pt .

Se você possui um sistema de GPS, então bastará marcar as coordenadas:

41º 32′ 21.65” N

08º 28’43.53” W

 

Mosteiro dos Jerónimos

Construção do Mosteiro dos Jerónimos

D. Manuel I decidiu que o Mosteiro seria construído na antiga praia do Restelo e entregou a obra a Boitaca, arquiteto que trabalhou na obra até 1516. Do projecto de Boitaca, podemos salientar os vários aspetos do estilo manuelino com uma decoração emblemática de esferas armilares e outros símbolos de cariz realista e também naturalista tais como as várias cordas, cabos, troncos e raízes que se encontram no edifício.

Mosteiro dos Jerónimos (Autor: HistoriaDePortugal.info)
Mosteiro dos Jerónimos (Autor: HistoriaDePortugal.info)
A partir de 1517 a obra é entregue ao arquiteto João Castilho que passa a desenvolver no projeto uma linha artística que varia entre o estilo gótico final e os iniciais traços do estilo renascentista.Mais tarde, já no reinado de D. João III são realizadas novas obras, mas estas são já feitas dentro de um estlilo mais clássico.

[ Editar ]O Terramoto de Lisboa e o Mosteiro dos Jerónimos

Apesar da grande destruição causada à cidade de Lisboa com o terramoto de 1755, no caso do Mosteiro dos Jerónimos, provavelmente devido a ter sido construído em solo arenoso, os prejuízos não foram muito grandes. As principais dependências do mosteiro, tais como a igreja e a sua capela-mor, bem como o seu magnífico claustro conseguiram escapar ilesas, sendo que apenas saiu seriamente danificada deste sismo a parte conventual dos dormitórios. Assim, no século XIX, esta parte do Mosteiro foi profundamente remodelada acabando por passar por um atípico revivalismo neo-manuelino. Esta área alberga, atualmente, o Museu Nacional de Arqueologia e o Museu da Marinha.

[ Editar ]Características do Mosteiro dos Jerónimos

Um dos tesouros artísticos do edifício religioso é a sua porta sul, obra do arquiteto João de Castilho. É um portal de uma elegância notável em que se harmonizam o recorte rendilhado dos motivos do estilo manuelino e a escultura de vulto renascentista, sendo que nele podemos observar as imagens da Virgem sob o baldaquino central, as esculturas de um apostolado e a estátua do Infante D. Henrique.

Mas, o mais notável conjunto escultórico do Mosteiro dos Jerónimos é a sua porta axial virada para poente, com molduras, arquivoltas e baldaquinos povoados com excepcionais composições escultóricas relativas à vida de Maria e de Cristo. De cada lado deste portal podemos encontrar as esculturas dos patrocinadores desta obra-prima, D. Manuel I e D. Maria, ajoelhados em oração. Podemos ainda visualizar dentro deste quadro escultórico as imagens de um grupo de apóstolos e também de santos, entre os quais S. Vicente, padroeiro de Lisboa e D. Fernando, o Infante Santo.

Quanto à igreja, o seu interior possui uma atmosfera encantadora que é acentuada pela serena luminosidade que é filtrada pelos vitrais. Está dividida em três naves com a mesma altura que são separadas por altos pilares octogonais repletos de uma belíssima decoração escultórica. Numa capela do transepto podemos encontrar exposto o túmulo de D. Sebastião. Já na capela-mor, que foi projetada por Diogo de Torralva e construída por Jerónimo Ruão, podemos encontrar os túmulos de D. Manuel I e de D. João III, reis de Portugal, e também os túmulos das suas respectivas esposas, D. Maria e D. Catarina. Esta está decorada no seu interior com sóbrios mármores policromos e o seu retábulo é constituído por várias pinturas maneiristas retratando a Paixão de Cristo e contém um sacrário soberbo lavrado em prata e que é datado da segunda metade do século XVII.

Ainda outra das magníficas dependências do Mosteiro é o seu claustro em formato de octógono, uma obra-prima em estilo gótico projetada por Boitaca.

O nome Mosteiro dos Jerónimos deriva do fato de ser um local de recolhimento e oração para os monges da ordem de S. Jerónimo. Este Mosteiro ostenta a imponência e o luxo a que o Reino de Portugal se podia dar aquando das rotas marítimas para a India que enchia os cofres do Reino.

Em 1983 o conjunto do Mosteiro dos Jerónimos com a Torre de Belém foi classificado pela UNESCO como Património Mundial.
 

Mosteiro de Alcobaça

O Mosteiro de Alcobaça, também conhecido como Real Abadia de Santa Maria de Alcobaça, fica  situado em Alcobaça, distrito de Leiria.

Fundado pouco depois do próprio reino, o Mosteiro de Alcobaça resultou de uma doação do Rei D. Afonso Henriques à Ordem de Cister, cumprindo assim a sua promessa pela vitória contra os mouros na Batalha de Santarém.
História do Mosteiro de Alcobaça

Deste modo, o rei combinava a sua fé religiosa com a sua estratégia política de repovoamento e desenvolvimento daquela zona do país.

Ali chegados por volta do ano 1150, os monges brancos acabam por abandonar a Abadia Velha apenas em 1222.

Eles ajudam na edificação da nova Abadia, ao mesmo tempo que se dedicam à lavoura de onde provinha quase todo o seu sustento, tornando-se mesmo numa importante parte da dinâmica socioeconómica daquela zona.

Simultaneamente, os monges trabalham no campo das letras, e é nesta abadia que o rei D. Dinis funda o “Estudo Geral” que mais tarde viria a dar lugar à Universidade de Coimbra.

O lugar deste monumento no panorama artístico nacional é de primeira grandeza. Os cistercenses desempenharam um papel pioneiro por toda a Europa na expansão de novas formas construtivas, enformadas pelos valores de austeridade e pureza promovidos pela doutrina de São Bernardo.

Mosteiro de Alcobaça (Autor: Rei-artur @ Flickr)
Mosteiro de Alcobaça (Autor: Rei-artur @ Flickr)
Na igreja, estes valores são visíveis na opção por um repertório decorativo de vegetalismos muito simples para os capitéis, de tendência coimbrã, e na ordenação despojada dos tramos do corpo. Filiada institucionalmente na Abadia de Claraval, a Ordem copiou-lhe aqui o seu terceiro modelo (adaptando apenas o necessário para a adaptação à topografia local), adoptando uma cabeceira com capela-mor de duplo-tramo, circundada por um deambulatório de nova capelas radiantes amparadas exteriormente por arcobotantes.

Desta primeira fase construtiva é também o transepto, o coro dos monges e todo o traçado geral do mosteiro.

De uma segunda fase datam as naves, que se elevam quase à mesma altura, numa verticalidade monumental, intensificada pela luz interior, que provém quase exclusivamente da enorme rosácea da entrada. O estreito rasgamento das altas frestas laterais e da capela-mor também contribui para moderar a iluminação.

Houve ainda uma terceira fase construtiva, a que correspondem os dois últimos tramos das naves e a fachada original de que resta apenas o portal. Os mesmos valores de gravidade encontram-se em todo o conjunto das dependências conventuais medievais que, singularmente a nível europeu, se conserva praticamente intacto: o Claustro do Silêncio, o Refeitório e a Sala do Capítulo.

Aqui se afirma, pois, o momento da adopção do formulário gótico em Portugal, na sua variante cisterciense, e em todas as suas potencialidades. Este formulário veio a reflectir-se em Santa Clara-a-velha de Coimbra e nas Sés de Coimbra, Lisboa e Évora, constituindo um dos raros casos em que a arquitectura monástica influenciou a episcopal.

Ao longo dos tempos e através das sucessivas alterações de que foi sendo objecto, aqui e ali o convento afastou-se da sobriedade defendida por São Bernardo, que foi substituída por uma enorme riqueza decorativa.

Destacam-se os túmulos de D. Pedro e D.ª Inês de Castro, de qualidade ímpar a nível europeu, retratando em micro-arquitectura o elaborado gótico flamejante que despontava nas catedrais europeias; a magnífica porta da sacristia já de tempos manuelinos; ou a monumental capela-relicário, repleta de talha dourada nos interstícios dos bustos-relicários em terracota policromada, obra dos monges barristas alcobacenses, que desenvolveram uma importante produção, sendo deles também as figuras régias da sala dos Reis e a obra ìmpar do Retábulo da Morte de São Bernardo.

Resistindo a graves catástrofes, umas naturais (como graves inundações ou sismos), outras humanas (como saques e vandalismo), o Mosteiro de Alcobaça é um dos mais importantes mosteiros cistercienses medievais sobreviventes, a nível europeu, e um marco da história portuguesa, pela sua importância quer política, quer estética.

A sua fachada principal ergue-se hoje para uma ampla praça lajeada, obra de requalificação urbana recente da autoria de Gonçalo Byrne.

[ Editar ]Dados do Mosteiro de Alcobaça

Outras designações: Real Abadia de Santa Maria de Alcobaça

Localização: Alcobaça, Leiria

Autores: Domingo Domingues, Mestre Diogo, Mateus Fernandes, João de Castilho, Nicolau de Chanterenne, João Turriano

Cronologia: Séculos XII a XVIII

Mosteiro da Batalha

O Mosteiro da Batalha ou Mosteiro de Santa Maria da Vitória, é desde 2007 classificado pela UNESCO como Património da Humanidade e a 7 de Julho de 2007 foi eleito como uma das 7 maravilhas de Portugal.

Situa-se na Batalha, e foi mandado edificar por D. João I – Mestre de Avis, servindo este de agradecimento à Virgem Maria pela vitória na Batalha de Aljubarrota e de panteão régio.

O Mosteiro de Santa Maria da Vitória é considerado uma jóia arquitectónica Portuguesa, assim como também o símbolo da Dinastia de Avis.

Os trabalhos de construção do mosteiro dominicano iniciaram-se em 1388 pela mão do mestre Afonso Domingues, sendo que duraram ao longo de dois séculos, até 1517, e passaram pelo reinado de 7 reis de Portugal.

O mesmo é um exemplo da arquitectura gótica tardia portuguesa, ou como outros lhe chamam, estilo manuelino.

História do Mosteiro da Batalha

No início das obras do Mosteiro da Batalha foi construído apenas um pequeno templo, Santa Maria-a-Velha ou Igreja Velha, era uma obra pobre construída com pouquíssimos recursos.

É então que em 1402 surge a influência Gótica Flamejante, pela mão do Mestre Huguet, o qual fica encarregue das obras de construção do Mosteiro. Ao projecto inicial correspondem as várias dependências monásticas como a Sala do Capítulo, o Refeitório, a Sacristia, a Igreja e o Claustro, assemelhando-se ao “vizinho” Mosteiro de Alcobaça.

 

 

A capela do Fundador foi acrescentada ao projecto inicial pelo rei D. João I, o mesmo se sucedeu com a rotunda funerária conhecida por Capelas Inacabadas, da iniciativa do rei D. Duarte.

Passados alguns anos, foi construído o Claustro de D. Afonso V e foram fechadas das galerias do claustro.

Foi então que as obras do Mosteiro da Batalha foram terminadas abruptamente, provavelmente pela construção de outros importantes monumentos, sendo que, só por volta de 1840 foi dada a atenção à necessidade de restauro, reiniciando-se várias obras de conservação e restauro.

Portal das Capelas Imperfeitas (Autor: Manuel Parada López de Corselas)
Portal das Capelas Imperfeitas (Autor: Manuel Parada López de Corselas)
A cargo destas novas obras esteve Luís Mouzinho de Albuquerque, os quais destruíram dois claustros e foram marcados pela remoção total dos símbolos religiosos, de modo a tornar o Mosteiro de Santa Maria da Vitória um símbolo glorioso da Dinastia de Avis.

De destacar, igualmente, que no Mosteiro da Batalha se encontra o mais importante núcleo de Vitrais Medievais Portugueses, visíveis na Capela-Mor e na Sala do Capítulo, albergando ainda o importante arquivo e o espólio da oficina de Ricardo Leone.

[ Editar ]Caracterização Arquitectónica do Mosteiro da Batalha

Planta do Mosteiro da Batalha

Em forma de cruz latina, a igreja revela o apego à tradição do gótico português. Trata-se de um templo de 3 naves, com transepto pronunciado e cinco capelas na cabeceira, sendo as laterais de igual profundidade.

Dimensões do Mosteiro da Batalha

A igreja tem 80 metros de comprimento e 22 metros de largura, para um vão máximo na flecha de 32,5 metros, numas proporções bastante simples.

[ Editar ]Áreas do Mosteiro da Batalha

Portal do Mosteiro da Batalha

Concebido por mestre Huguet, a sua riqueza iconográfica só tem paralelo com programas idênticos das grandes catedrais góticas europeias: nas ombreiras os Apóstolos conduzem a Cristo, rodeado dos 4 Evangelistas, enquanto nas arquivoltas se dispõem virgens, mártires, papas, bispos, reis de Judá, profetas, anjos músicos, segundo uma prefiguração da hierarquia celestial.

Igreja ou Capela-Mor

A nave central da igreja da batalha, uma das maiores igrejas portuguesas de sempre, eleva-se a cerca de 32,5 metros, sendo a elevação ampliada pelas colunas muito densas, 8 de cada lado que, formando um muro visual contínuo, acentuam o sentido ascensional do espaço. A abóbada de nervuras, com grandes chaves decoradas, deve-se a mestre Huguet.

Sala do Capítulo

Local e referência da vida monástica, foi começado por Afonso Domingues e concluída por Huguet, que alterou o projecto inicial, lançando uma única abóbada, sem suporte central, que constitui um impressionante desafio técnico. Numa das mísulas de ângulo, a figura de um arquitecto, talvez Huguet, parece querer, ainda hoje, receber dos visitantes o tributo à sua ousadia construtiva.

Capela do Fundador

Pensada por D. João I para panteão da sua linhagem, foi construída por Huguet a partir de 1426. A planta quadrada dá lugar, ao centro, um octógono que se eleva a grande altura, constituindo um dossel ou baldaquino glorificador do túmulo conjugal de D. João I e D. Filipa de Lencastre. É, por várias razões, um dos espaços mágicos da arquitectura portuguesa.

Panteão de D. Duarte ou Capelas Inacabadas

Pensadas por D. Duarte para panteão da sua família foram começadas por Huguet, que desenhou uma grande rotunda de oito lados, com sete capelas. A morte prematura do rei e, de seguida, do próprio arquitecto, para além de outras vicissitudes impediu que a obra se concluísse. Numa das capelas repousam, desde os princípios do século XX, os restos mortais do rei D. Duarte e da sua mulher.

Mosteiro da Batalha (Autor: Georges Jansoone)
Mosteiro da Batalha (Autor: Georges Jansoone)
De qualquer modo, a decoração deste trecho atinge proporções verdadeiramente assombrosas, sendo um exemplo único no gótico português.

Refeitório do Mosteiro da Batalha

O refeitório primitivo, ocupado desde 1924 pelo Museu da Liga dos Combatentes, é um espaço vasto mas muito austero. Destaca-se, nessa simplicidade, o púlpito do leitor, ostentando os brasões do rei D. Duarte e de sua mulher, a rainha D. Leonor de Aragão.

Cozinha do Mosteiro da Batalha

Adoçada ao refeitório com a qual tinha ligações foi este espaço profundamente modificado observando-se, apenas, relacionado com a sua primitiva função vestígios da grandiosa chaminé e algumas coberturas onde se recolhiam utensílios e condimentos. Hoje, neste espaço, funciona a loja de vendas do IGESPAR.

Dormitório do Mosteiro da Batalha

Dormitório primitivo dos frades, é uma vasta sala coberta de berço quebrado, ritmada por poderosos arcos torais que lhe acentuam o ar grave. A designação de Adega dos Frades explica-se por ser a última utilização que aquele espaço teve enquanto casa dominicana.

Claustro D. Afonso V

Construído no reinado de D. Afonso V, sob a direcção do mestre Fernão Évora, é o primeiro claustro a ser erguido em dois andares. Destinado à vida diária dos frades dominicanos, a sua simplicidade ainda hoje permite aos visitantes atentos apreenderem algum do misticismo que emana destes espaços cluastrais.

Claustro de D. João I

Começado por Afonso Domingues e concluído por Huguet é um dos claustros mais conseguidos de toda a arquitectura portuguesa, pela harmonia das proporções e pela grande elegância do seu trabalho.

As bandeiras das arcadas, mais tardias, denunciam, nos motivos e na exuberância, a época manuelina em que foram criadas

Largo Infante D. Henrique I

Grande parte deste espaço foi ocupado até meados do século XIX como o Claustro de D. João III, incendiado aquando das Invasões Francesas.

Devido ao seu estado de conservação e por apresentar já um “estilo bastardo” não mereceu, por parte do arquitecto Luís Mouzinho de Albuquerque, a devida atenção para que pudesse ser restaurado.

A meio deste largo pode ser apreciada uma lápide onde estão reproduzidas várias siglas de canteiros e que assinala onde esteve construída a Igreja de Santa Maria-a-Velha, o primeiro tempo que serviu para que os construtores do Mosteiro pudessem participar nos actos litúrgicos.

MOSTEIRO DE LEÇA DO BALIO

 
Mosteiro_de_le__a_do_balio_1_1_570_300
mosteiro_de_le__a_do_balio_2.jpgClassificado como monumento nacional, este imóvel medieval é considerado um dos melhores exemplares arquitetónicos existentes no país, de transição do estilo românico para o gótico. Com origem anterior ao séc. X, foi posteriormente (séc. XII) a primeira casa mãe dos Cavaleiros Hospitalários da Ordem de Malta em Portugal. Da construção românica resta apenas, nas traseiras da igreja, uma ala incompleta do claustro, um portal e uma janela com decoração vegetalista. Foi reedificado no séc. XIV, segundo o modelo das igrejas fortaleza. A fachada principal de estilo gótico, com ampla rosácea radiada e rematada por uma cruz da Ordem de Malta, possui torre de menagem de traça românica, coroada de ameias. No interior, dividido em três naves, podemos admirar a capela-mor com abóbada de nervuras, a capela de Nossa Senhora do Rosário ou do Ferro e os túmulos de vários cavaleiros e frades, destacando-se a arca tumular de Frei João Coelho, Grão-Mestre da Ordem, com estátua jacente da autoria de Diogo Pires, o Moço, bem como a pia batismal, cuja base é decorada por animais exóticos. No exterior, o Cruzeiro é também da autoria do mesmo mestre coimbrão. Foi neste Mosteiro que o rei D. Fernando casou com D. Leonor de Teles.
 
Apesar da referência documental mais antiga deste monumento datar do ano de 1003, a fundação deste mosteiro é certamente muito anterior. Seria na época apenas um pequeno cenóbio albergando uma comunidade provavelmente beneditina. No séc. XII é doado aos monges-cavaleiros da Ordem de S. João do Hospital, tornando-se assim a primeira sede desta ordem em Portugal. A estrutura gótica do monumento remonta às obras de remodelação e ampliação efectuadas no séc. XIV por iniciativa do Balio D. Frei Estevão Vasques de Pimentel.
 
Do mosteiro resta apenas a igreja, de planta cruciforme, ladeada por uma alta torre quadrangular, provida de balcões com matacães, a meia altura e no topo, em ângulo, seteiras, dando à igreja um aspecto de verdadeira fortaleza militar.
 
No seu interior destaca-se, junto à campa de Frei Estêvão Vasques, uma placa de bronze, com diversos motivos decorativos e contendo o epitáfio do defunto em caracteres leoneses.
 
Está classificado como Monumento Nacional pelo Decreto de 16.06.1910 DG 136 de 23 de Junho de 1910.

Origens históricas
 
Baiona. Galiza. 19 Julho de 1342. Marina Vicente faz o seu testamento, indicando nas condições testamentárias que o marido, ou alguém que o substitua, faça em seu nome uma peregrinação a Santiago de Compostela e a Bouças: “Item mando que Pero Eannes meu marido que va por mina alma ao Croçeffiço de Ssan Salvador de Bouças e a Sanctiago hu eu era prometida dir. Et sse elle non poder yr mando que envie alla outro omme por mina alma”
 
O que nos diz a História da Arte
 
  • “... Podemos classificar o Senhor Bom Jesus de Bouças, como escultura de madeira dos fins do séc. XII princípios do séc. XIII, sem dúvida, uma das mais impressionantes, mais belas e possivelmente a mais antiga, existente em Portugal.”
  • “Algumas características desta imagem (...) recomendam a sua inclusão nos fins do século XIII ou nos inícios do século XIV (...)
  • “(...) com uma classificação em torno da viragem de Século ou dentro dos primeiros anos de Trezentos, ele permanece como uma das mais antigas realizações portuguesas no género.”
Características da Imagem
 
  • Pés separados
  • Corpo esquemático, de fraco realismo anatómico
  • Imagem pudica: o perizonium, de grandes superfícies lisas, desce ao tornozelo e joelho
  • Mãos abertas e serenas (não se crispam)
  • Posição relativamente hirta ao longo da cruz (Cristo-Majestade)
  • Arcaísmo da cabeça (olhos trocados).
Contudo...
O dramatismo que falta no corpo está expresso no rosto (cabeça inclinada, olhos semicerrados...)
 
Onde?
Mosteiro de Bouças
 
Como?
A lenda parece indiciar uma resposta...
 
Os protagonistas
Rainha Santa Mafalda
 
  • 1185 (?)- Nasce. Filha do rei Sancho I
  • 1196– D. Sancho I doa o Mosteiro de Bouças a D. Mafalda
  • 1215– Casamento com D. Henrique I de Castela, que morre em 1217
  • 1217– Regresso ao reino. Manda edificar residência junto mosteiro de Bouças
  • 1249– D. Mafalda obtém autorização do Papa para converter Convento de Bouças à Ordem de Cister
  • 1256 – D. Mafalda morre em Arouca
    “(...) devota ciosa e uma boa utilizadora de relíquias de santos e outros objectos com virtudes curativas.
    (...)
    (...) o conjunto de relíquias manejado por Mafalda permite-nos supor uma verdadeira devoção interior, centrada, segundo tudo indica, na Paixão de Cristo.”
    Maria de Lurdes Rosa, 2000
  • 1300-1308-Bispo do Porto
  • 1304– D. Dinis doa-lhe as casas de Bouças q forõ da Rayã dona maffalda
  • 1306– D. Dinis doa-lhe o padroado de Bouças
  • 1308– D. Dinis escolhe-o para acompanhar a sua filha D. Constança que casa em Castela
  • 1308-1313- Bispo de Palência
  • 1314-1321- Bispo de Évora
  • 1319-1324– Guerra Civil. Toma o partido de D. Dinis
  • 5 Março 1321
    “Era M. CCC. LIX. Em V Do Mês de Março Dom Giraldo, Em Outro Tempo Bispo De Evora, Homens Filhos d’Algo O Matarão Sem Merecimento Em Este Lugar, À Alma Do Qual Deos Perdoe. Amen”
    Sepultado na capela-mor da Sé de Évora, será trasladado para Bouças entre 1328 e 1342, por iniciativa do Bispo do Porto Vasco Martins, seu sobrinho. 
    “(...) devota ciosa e uma boa utilizadora de relíquias de santos e outros objectos com virtudes curativas.
    (...)
    (...) o conjunto de relíquias manejado por Mafalda permite-nos supor uma verdadeira devoção interior, centrada, segundo tudo indica, na Paixão de Cristo.”
    Maria de Lurdes Rosa, 2000