Convento de Santa Maria do Bouro
O Convento de Santa Maria do Bouro, fica situado nas proximidades de Amares, no distrito de Braga, sendo este um edifício religioso construído durante o século XVIII.
O Convento foi erigido sobre uma antiga abadia cisterciense, o Mosteiro de S. Bernardo, que não se sabe muito bem quando havia sido construída, mas que é certo que á existia no ano de 1148, quando o primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques, outorgou aos monges da Ordem de S. Bernardo senhorio do couto de Bouro.
Mais tarde, no ano de 1514, o rei D. Manuel I concedeu o foral a esta mesma Ordem.
Pouco sobra atualmente desta construção românica do século XII, existindo apenas um pouco do aparelho numa das paredes do cenóbio e também a pia batismal que se encontra no transepto da igreja.
O acesso à atual igreja, é feito através de uma ampla escadaria. Quanto à fachada, é sóbria e apresenta um corpo central que possui três arcos de volta perfeita, em que o arco o central é o de maiores dimensões e forma uma galilé.
A galilé possui três nichos de frontão triangular acima de si, onde se encontram inseridas algumas imagens setecentistas de S. Bento e também de S. Bernardo, os dois monges que fundaram esta ordem cisterciense.
No segundo piso do Convento de Santa Maria do Bouro pode-se observar três aberturas independentes, com grades que desenham um interrompido arco abatido.
A fachada do Convento de Santa Maria do Bouro encontra-se rematada por um frontão contracurvado, ao centro do qual se encontram as armas reais de Portugal e também as armas da Ordem de Cister.
Acima dessas armas pode ver-se uma cruz latina. A ladear o corpo central da fachada, estão duas torres sineiras com cobertura em forma de bulbo.
O interior do Convento de Santa Maria do Bouro divide-se em três naves, sendo a nave central a de maiores dimensões, que ficam separadas por arcadas de volta perfeita com colunas da ordem toscana a sustentá-la.
Tanto as arcadas do corpo da igreja como as sanefas das janelas e o arco da capela-mor estão revestidos por uma estrutura de talha barroca, em que a delicadeza do branco via alternado com a túrgida decoração dourada.
Nas laterais das naves, podemos encontrar altares revestidos em talha setecentista dourada e policromada, nos quais se inserem algumas imagens e pinturas de santos, de estilo barroco.
Na capela-mor do Convento de Santa Maria do Bouro, pode-se observar um belo retábulo de estilo setecentista.
No entanto, merece especial destaque a grandiosa cadeira abacial do século XVIII e também o magnífico cadeiral, da segunda metade do século XVII, que aí se encontra.
Este cadeiral encontra-se disposto em dois andares, sendo que os painéis do espaldar apresentam baixo-relevos entalhados que narram alguns episódios da vida de S. Bento e da vida de S. Bernardo.
Mais tarde, já no século XVIII, foi acrescentado ao cadeiral um dossel dourado, além de se terem realizado algumas modificações ao nível das cadeiras em pau preto.
Para aceder à sacristia, é necessário entrar pelo átrio abobadado, sendo que depois, há uma escadaria que nos leva às restantes dependências do convento.
A sacristia possui um teto de caixotões que ostenta pinturas fitomórficas policromadas e de enrolamentos, que nos recordam o estilo Barroco Joanino.
Já nas paredes, podemos observar belos painéis de azulejo setecentistas a duas cores (azul e branco), que retratam algumas cenas da vida de S. Bernardo.
A quadra do claustro possui a forma de sete tramos de arcadas, que se encontram assentes em fortes colunas em granito da ordem toscana.
Atualmente, o Convento de Santa Maria de Bouro sofreu algumas obras de restauro e tem servido como pousada, integrando a rede das pousadas de Portugal, tendo recebido o nome de “Pousada Histórica Design”.
Se você procura um local sossegado, no norte do país, e próximo do Parque Nacional da Peneda Gerês, então encontra aqui uma óptima solução.
Convento do Carmo
O Convento do Carmo, em Lisboa, foi construído na sequência da vitória de Aljubarrota, tal como aconteceu com o Mosteiro de Santa Maria da Vitória.
O Convento foi dedicado a N. Sra. do Vencimento, no Monte do Carmo, e surgiu para que se cumprisse o voto feito pelo Condestável D. Nuno Álvares Pereira, quando decorria o ano de 1389.
O projecto foi entregue a Gomes Martins.
Construção do Convento do Carmo
Este foi desde sempre um convento protegido, não só pelo seu fundador, que o dotou de um vasto património, mas também por D. Duarte e D. Afonso V, reis de Portugal. O local escolhido para a sua construção, tinha um grande significado quer para o D. Nuno Álvares Pereira, quer para a ordem carmelita a quem este se destinava.
No entanto, desde o início da construção que se encontraram grandes dificuldades técnicas, não só a nível dos alicerces, que cederam por duas vezes, mas também a nível do suporte da cabeceira.
Por isso, numa terceira tentativa de construção, o seu fundador decidiu contratar os três irmãos Eanes, Afonso, Rodrigo e Gonçalo, sendo estes três conceituados mestres-de-obras.
Na verdade, esta foi uma das maiores campanhas arquitetónicas que Lisboa já havia visto sendo que foi usado para a sua construção um grande contingente humano e tendo também sido aqui introduzidas várias novidades que haviam sido já experimentadas no estaleiro da Batalha.
Foram necessários oito anos só para que se consolidassem os alicerces e o cruzeiro. Mas, mesmo assim, pouco tempo depois, em 1399, foi necessário adquirir novos terrenos que pertenciam ao Almirante Pessanha para que se pudesse estruturar as fissuras do flanco sul, por lhe acrescentar cinco arcobotantes. Ficamos por isso a saber que nesse ano o Convento do Carmo já tinha as paredes e frontaria.
Para a construção do convento foi tida também em conta a instabilidade do terreno, conforme sugerido por Gomes Martins, o autor do projecto. Deveu-se também a ele a iniciativa de cobrir de tijoleira as abóbadas das naves laterais, pois esse era um material bastante mais leve que a tradicional pedra, seguindo-se assim o exemplo do Paço dos Condes de Ourém e da Sinagoga de Tomar.
A cabeceira do Convento é poligonal, sendo formada por cinco capelas de eixos paralelos, adquirindo o conjunto desta forma um ar maciço, apesar de ser rasgado por algumas janelas de elegantes ogivas. A um terço da sua altura, a cabeceira apresenta um forte embasamento, tal como o do Paço de Ourém, sendo esta uma engenhosa solução para combater o acidentado do terreno.
[ Editar ]Convento do Carmo na Atualidade
Após o terremoto de 1755 e o consequente incêndio, grande parte da igreja, com cerca de 70 metros de comprimento, acabou por ruir, perdendo assim uma grande parte do seu valioso espólio.
Apesar de terem sido várias as tentativas de reconstrução, estas não foram avante, acabando o templo por permanecer a céu aberto.
Segundo alguns testemunhos da época, as abóbadas de cruzaria encontravam-se fechadas por bocetes decorados com ornamentos simbólicos aludindo ao Condestável.
Os restos arqueológicos que ainda existem, ajudam-nos a ver que os torais das naves laterais suportavam as abóbadas em berço quebrado, sendo que a cobertura da cabeceira era muito semelhante à do Mosteiro da Batalha.
Uma das zonas mais bem conservadas deste conjunto arquitectónico é a sua fachada, modificada em 1532, da qual se destaca o portal de seis arquivoltas ogivais, muito semelhante aos portais de vários outros trabalhos escultóricos da 1.ª fase do ciclo batalhino. Já o portal lateral sul é de talha mais simples.
O Convento do Carmo era composto pela igreja, sacristia, capítulo dos bispos, capítulo novo, refeitório, dormitório e claustro. Existiu no passado também uma capela, entretando desaparecida.
A sacristia, que foi construída logo na primeira campanha de obras, ainda possui a sua original abóbada de cruzaria e os janelões góticos, apesar de algumas coisas terem sido acrescentadas nos séculos posteriores. Quanto ao claustro, este é um belo exemplar do desadornado e austero “estilo chão” que marcou de forma surpreendente o século XVII, sendo por isso de arcos singelos e pilastras toscanas.
Atualmente, o Convento do Carmo é ocupado pela Guarda Nacional Republicana, sendo que na igreja se encontra instalado o Museu Arqueológico do Carmo.